A mãe trabalhava como jornalista no Afeganistão e era uma importante ativista dos direitos das mulheres. Após o regresso ao poder dos talibãs em 2021, organizou várias manifestações em defesa dos direitos das mulheres, que foram amplamente divulgadas nas redes sociais. Como resultado, foi identificada pelos talibãs, que levaram a cabo vários atos de perseguição contra ela e a sua família. Apesar das ameaças, conseguiu fugir para o Paquistão com os seus filhos, embora corressem um risco elevado de serem repatriados à força para o Afeganistão.
A Audiência Nacional aceitou o pedido de medida cautelar apresentado pela Fundação Professor Uría, garantindo assim a transferência urgente da família para Espanha. Esta decisão baseia-se na jurisprudência do Supremo Tribunal, nomeadamente no precedente estabelecido pela sentença n.º 199/2024, de 6 de fevereiro (Roj: STS 680/2024), proferida pela Secção de Contencioso-Administrativo (Quinta Secção). Este caso, também conduzido por voluntários da Fundação, reconheceu o direito de outra família afegã a medidas judiciais para ser transferida para Espanha e requerer asilo.
A análise jurídica deste caso está detalhada no artigo publicado na Actualidad Jurídica Uría Menéndez (n.º 64): "El traslado a España de solicitantes de protección internacional en situación de peligro: clarificación del régimen del art. 38 de la Ley 12/2009 en la Sentencia del Tribunal Supremo n.º 199/2024, de 6 de febrero".
É de salientar que esta decisão é particularmente significativa, uma vez que a família não tinha qualquer ligação anterior com Espanha, o que sublinha a sua relevância jurídica.
Esta importante feito, que transformará a vida da família, foi possível graças ao esforço conjunto de José Alberto Navarro, Marta Estrada, María Teresa Villaverde, Carlos Carazo e Claudia Venecia Martín, com a colaboração de Florbela Bessada, Elena Cubero e Eloína Rodríguez.